Vagina

No gostoso português brasileiro, boceta é "buceta", a obra-prima da criação, a mãe da civilização. Por ela se fazem as guerras parciais e as mundiais.
Ninguém resiste a uma "buceta". Alí está a força da fêmea; ali está o poder; ali está a visão mais encantadora e prazerosa do mundo. Ali está o início e o fim da criação. Tudo se concentra ali; tudo se resume ali. Ali cessa todo o canto antigo, toda indiferença, toda passividade, toda moleza, toda carência, toda fraqueza, toda falta de interesse; ela quebra toda resistência, toda doutrina, todos avisos, todas ameaças, todas contrariedades, todas as ansiedades, todas as dores, todos os sons, todas as cores, todos os odores, todos os sabores. Numa 'buceta' o macho se dobra, se entrega, se escraviza, se anula. O macho lambe ela, cheira ela, olha ela, possui ela, morre nela, deita nela, dorme nela...
OBRA-PRIMA DA CRIAÇÃO. SÓ UM MILAGRE PODE EXPLICÁ-LA.
(Alatair Malacarne - 02/07/08)
A primeira punheta

Na roça, em São Domingos, eu tinha visto os adolescentes batendo punheta, durante o tempo em que tomavam banho no açude que meu pai tinha feito para construir a usina elétrica. Era um momento de felicidade, em que eles riam e gritavam. Depois de alguns momentos friccionando o "pau" duro, saía dele um líquido leitoso e denso. Era o "gozo".
Naquele dia, eu entrei num banheiro coletivo. Estava sentindo uma coceira diferente no cacete. A curiosidade subiu. Foi só entrar e ele ficou duro. Comecei a fazer igual aos meninos faziam no banho. Meu corpo foi invadido por uma sensação de prazer imenso. Por uns instantes fui invadido por um momento de sublimação avassaladora. Tudo sumiu. O mundo foi só eu e a elevação, o "gozo".
Depois fui doutrinado a evitar o onanismo. Era um "pecado mortal".
(Altair Malacarne - 05/07/2008)
Os cabelinhos
A chegada da puberdade causou u'a revolução em mim.
Além da primeira "tiriba", a voz começou a engrossar, espinhas pela cara toda, ser sempre do-contra, insatisfação comigo mesmo, dúvidas e mais dúvidas, sonhos eróticos com polução todo dia, desejo de ficar só, descoberta do próprio corpo e...
uns cabelinhos que começaram a aparecer.
No rosto (tive que comprar u'a gilete), no peito (a maminha ficou dura) e no "piru". Eles cresciam cada vez mais, se soltavam, cheiravam a xixi. Os padres diziam que não devíamos olhar pra eles, devíamos ignorá-los. Eu os achava (e acho) tão bonitos. Não sei por que os humanos teimam em raspá-los do órgãos sexuais. Foi exatamente ali que a Mente se esmerou por demais. O cabelinho sexual retém o perfume de cada um ser criado. E este cheiro é tão pessoal que marca a individualidade de cada um e serve de força de atração entre o casal quando se apresenta devidamente asseado. O beijo do parceiro no dom sexual do amante é a consumação maior que pode alcançar a intimidade. O beijo na boca é a porta de entrada para um acontecimento maior.
Muitos anos depois eu viria entender por que se recriminava tanto no seminário aqueles cabelinhos divinos: era porque lá não se sabia da existência do amor. A idéia do pecado contaminava o sexo. Tínhamos que ser iguais aos anjos: sem sexo e... sem cabelinhos.
(Altair Malacarne - 18/07/2008)
(Textos postados por Isabel Goulart)
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