Amigos,
Ando escrevendo algumas coisas em tópicos de comunidades aqui do Orkut. Tenho recebido palavras de estímulo. As pessoas dizem que emprego bem os vocábulos.
Espero que meus leitores tenham o mesmo prazer que eu tenho quando escuto uma pessoa falar bem. Ou escrever bem. Isto me faz lembrar de meu antigo professor de Literatura. Certa vez ele contou o seguinte.
Ele morava em Vitória (ES). Lá, ele foi assistir a uma palestra de Guimarães Rosa. O grande mestre das palavras disse, mais ou menos, o seguinte:
- As palavras são como notas musicais. Vou escrevendo e sentindo o "som" delas. Se alguma não forma um perfeito "acorde" no conjunto, vou trocando até achar uma que "soa" bem.
Cito como exemplo da atualidade, as poesias musicadas por Chico Buarque. O que se sente nelas é a sonoridade, a grandeza e a plenitude do universo.
Sonho com isso.

(Altair Malacarne. Escrever. 21/12/2006.)

1.11.08

Sobre o ato de escrever...

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Escrever é um "milagre"

Fico pensando nos milhares de anos que nós passamos sem a escrita. Fico pensando nos nossos irmãos índios que não desenvolveram nenhum sistema articulado para registrarem sua caminhada. Fico pensando no meu pai, que era completamente analfabeto. Fico pensando em mim, que saí da roça e consegui um espaço confortável na vida. Fico pensando nos milhares que hoje vivem afastados das letras. Fico pensando na capacidade que o homem conseguiu para dominar a partir do discurso escrito. Fico pensando numa civilização cósmica. Sinto que não sou capaz de avaliar com precisão o ambiente bio-social em que vivo. Sei que todo progresso poderá ser alcançado a partir dos conhecimentos sistematizados nos livros e em outras mídias. Sei que agora posso me comunicar com colegas vários espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Sei que posso expor minhas idéias à apreciação de muitos.
Tudo isso tem um nome: ESCRITA. Muitos já foram; outros virão. Nossa história ficará registrada pela ESCRITA. A ESCRITA registrará a história de cada um. DO SER HUMANO.

(Altair Malacarne - 16/09/06)


Escrever

Escrever é um milagre. Vou contar uma história.
Quando eu comecei a ir à escola, um dia, eu perguntei a meu pai:
-Pai, o senhor sabe assinar o nome?
-A única letra que sei fazer, meu filho, é o /o/.

-Como?

-Com o cano da "stchopa" (espingarda).

Numa família de 20 filhos, muitos irmãos meus ficaram analfabetos, como seu "Chico". Ele me pedia que eu lesse meus cadernos pra ele escutar. Menti pra ele e falei que queria ser padre. O "velho" era muito religioso. Essas letras tem origem no insondável.
Tchau, COLEGAS. Obrigado a vocês e a quem me ensinou a escrever.

(Altair Malacarne - 23/10/06)



Escrever (II)

Amigos,

Ando escrevendo algumas coisas em tópicos de comunidades aqui do Orkut. Tenho recebido palavras de estímulo. As pessoas dizem que emprego bem os vocábulos. Espero que meus leitores tenham o mesmo prazer que eu tenho quando escuto uma pessoa falar bem. Ou escrever bem. Isto me faz lembrar de meu antigo professor de Literatura. Certa vez ele contou o seguinte.
Ele morava em Vitória (ES). Lá, ele foi assistir a uma palestra de Guimarães Rosa. O grande mestre das palavras disse, mais ou menos, o seguinte:
-As palavras são como notas musicais. Vou escrevendo e sentindo o "som" delas. Se alguma não forma um perfeito "acorde" no conjunto, vou trocando até achar uma que "soa" bem.
Cito como exemplo da atualidade, as poesias musicadas por Chico Buarque. O que se sente nelas é a sonoridade, a grandeza e a plenitude do universo.
Sonho com isso.

(Altair Malacarne - 21/12/2006)



Escrever (III)

Colegas,

Vou dar u'a opinião polêmica, muito pessoal.
Este fato se deve (e o Sílvio tem razão) a uma falha terrível em nossa educação: NÃO SOMOS TREINADOS PARA ESCREVER.
Ao contrário.
Desde os primeiros bancos escolares, somos amedrontados pelas ameaças dos "erros" gramaticais e gráficos que podem "sujar" o nosso texto. Saímos da escola convictos intimamente que É MELHOR NÃO ESCREVER QUE ESCREVER ERRADO. Somos inibidos pelo medo de uma falha formal como se isso fosse um pecado mortal. Somos dominados pela humana preguiça de botar nossas idéias por escrito. PENSAMOS (E ATÉ FALAMOS), MAS NÃO ESCREVEMOS. Somos uma geração de ágrafos.
A terrível gramática nos imobiliza.
Os latinos diziam: VERBA VOLANT, SCRIPTA MANENT (As palavras voam, os escritos ficam). Nossas escolas nos formam para sermos efêmeros, igual aos índios. Só vencemos o medo de falar porque a natureza nos facultou esta nobreza.
Respeitando a divergência, é o que penso.

Abraços por escrito.

(Altair Malacarne - 27/10/08)

(Textos postados por Isabel Goulart)

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