Amigos,
Ando escrevendo algumas coisas em tópicos de comunidades aqui do Orkut. Tenho recebido palavras de estímulo. As pessoas dizem que emprego bem os vocábulos.
Espero que meus leitores tenham o mesmo prazer que eu tenho quando escuto uma pessoa falar bem. Ou escrever bem. Isto me faz lembrar de meu antigo professor de Literatura. Certa vez ele contou o seguinte.
Ele morava em Vitória (ES). Lá, ele foi assistir a uma palestra de Guimarães Rosa. O grande mestre das palavras disse, mais ou menos, o seguinte:
- As palavras são como notas musicais. Vou escrevendo e sentindo o "som" delas. Se alguma não forma um perfeito "acorde" no conjunto, vou trocando até achar uma que "soa" bem.
Cito como exemplo da atualidade, as poesias musicadas por Chico Buarque. O que se sente nelas é a sonoridade, a grandeza e a plenitude do universo.
Sonho com isso.

(Altair Malacarne. Escrever. 21/12/2006.)

1.11.08

"A alma de Altair rescende a terra molhada"

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Chuva


Amigos,

Ela sempre vem quando está chegando o final do ano. As frentes frias, vindas do pólo Sul tomam maior impulso e vêm até o Espírito Santo, causando mudanças bruscas de temperatura.
Às vezes, elas se encontram com outras que vêm dos Andes e aí ocorrem precipitações intensas por aqui. Demoram sobre nosso Estadinho, antes de caminharem pro oceano. Como zona de convergência, ficamos sujeitos às intempéries.
Como agora. A BR 101 está invadida pelas águas do rio São Mateus. O rio Doce toma as margens em Colatina e Linhares. Cidadezinhas do interior do Estado estão em calamidade. Os plantadores de eucalipto trabalharam hoje debaixo de chuva.
O céu, no entanto, ficou verde. Com as chuvas, apareceu u'a manada de papagaios. Fazia uns 50 anos que eu não os via mais. Eles voam 'gritantes' entre os restos de matas que sobraram. Fazem uma 'festa' na selva. Acho que estão namorando.

(Altair Malacarne - 14/12/2006)




Ela voltou

Amigos,

Uns mais, outros menos, todos estamos ligados a um fenômeno periódico e constante que se apresenta em nossa vida: a chuva. Aquela água doce que cai em forma de pingos em cima das terras e tudo o mais que está sobre elas a descoberto em nosso meio-ambiente. Às vezes suaves, às vezes torrenciais, essas precipitações sempre causam alterações na paisagem.
Depois de uma estiagem aproximada de 4 meses, a chuva voltou por aqui. No início bem pequena e discreta, foi crescendo na força e no tempo de queda, chegando mesmo a escorrer sobre a terra em alguns lugares. Uma cena incrível, milagrosa. Aquele cheiro de terra molhada, aquele vento alegre.
O cafezal ‘florou’ bonito, a pastaria ficou verde, o papagaio enrolou o canto, a mata riu, a mangueira prometeu fruta, o agricultor bateu a enxada e correu no preparo da terra, as máquinas saíram do galpão, o tomate baixou de preço, o meeiro tomou uma pinga dobrada e foi esperar a mulher mais cedo no quarto, os passarinhos puseram ovos em seus ninhos, uma festa aconteceu em toda natureza.

Uma vez eu fui reclamar com o Cleto porque a chuva tinha sumido, estava tudo muito seco e triste. Ele disse me olhando nos olhos:
- Ela está cada vez mais perto. Ela está voltando.
Esta é uma certeza absoluta que se pode comprovar todo ano: Ela voltou.


(Altair Malacarne - 07/09/2007)


(Textos postados por Isabel Goulart)

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