Amigos,
Ando escrevendo algumas coisas em tópicos de comunidades aqui do Orkut. Tenho recebido palavras de estímulo. As pessoas dizem que emprego bem os vocábulos.
Espero que meus leitores tenham o mesmo prazer que eu tenho quando escuto uma pessoa falar bem. Ou escrever bem. Isto me faz lembrar de meu antigo professor de Literatura. Certa vez ele contou o seguinte.
Ele morava em Vitória (ES). Lá, ele foi assistir a uma palestra de Guimarães Rosa. O grande mestre das palavras disse, mais ou menos, o seguinte:
- As palavras são como notas musicais. Vou escrevendo e sentindo o "som" delas. Se alguma não forma um perfeito "acorde" no conjunto, vou trocando até achar uma que "soa" bem.
Cito como exemplo da atualidade, as poesias musicadas por Chico Buarque. O que se sente nelas é a sonoridade, a grandeza e a plenitude do universo.
Sonho com isso.

(Altair Malacarne. Escrever. 21/12/2006.)

22.4.09




MEUS SAPATOS
AMIGOS,
Ganhei meu 1º par de sapatos na faixa de 10 anos de idade.
Naquele tempo, nosso café era vendido em Vitória. No retorno de uma dessas idas à capital, fui surpreendido com uma caixa de sapatos da marca TANK, acompanhado de 6 chapinhas de ferro, que deveriam se pregadas no solado a fim de prolongar seu uso. Agora eu pisava nos pastos sem medo de pegar um espinho. Era u'a maravilha.
Em 1953, quando fui pro seminário (Jaciguá-ES), levei o dito cujo par de sapatos. Só tinha ele. Tive que usá-lo durante os 2 anos que fiquei sem vir em casa. O resultado foi que ele foi esticando enquanto comprimia meus pés. Tenho ainda hoje nos pés as marcas da violência: Meus dedões são mais curtos que os segundos, e suas unhas são forçadas para baixo.
No final de 1954 vim em casa. Disse que precisava de um par novo. Ganhei um miserável dinheirinho para comprá-lo. Ao retornar, fui nas CASAS PATRA em Vitória e comprei 1 par de péssima qualidade. No final de 1955, ele estava todo estropiado.
Em dezembro de 1956, vim em casa (Santana <> Conceiçãp da Barra-ES) antes de ir para São João del Rey(MG). Falei com Mamãe da minha situação. Ela me disse que tinha na venda do Edgar Cabral, em Conceição da Barra. Sem falar nada com ninguém, fui lá e peguei um VULCABRÁS, de qualidade. Saí de casa com ele escondido. Durou 3 anos.
Tempos bicudos.
'sss

(Altair Malacarne - 2009)


(Texto postado por Isabel Goulart)

2 comentários:

Luh Dórea disse...

À cada coisinha que leio, mais admiro você.
Beijo, meu ilustre e querido amigo!
Te amo muito.

Unknown disse...

Uma narrativa agradável de ser lida e cheia de simplicidade que a personagem exigia.
Abraços!